Só Pega no Tranco

Meu cérebro é meio assim: Só pega no tranco! Se eu passar muito tempo sem usá-lo ele oxida totalmente. Para evitar isso, vou procurar dar algum trabalho ao coitado. Não esperem muito.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Férias!, vacances!, holidays!, Urlaub!






"Férias, vacances, holidays, Urlaub - é tudo férias: em português, francês, inglês e alemão, respectivamente.

"É muito interessante verificar que, apesar de tanta variedade, as diferentes palavras, até etimologicamente, têm a ver com liberdade, dias festivos de descanso, dias sagrados e santos.

"Férias - em alemão, Ferien - vem do latim feriae, significando dias libertos de negócios e trabalhos, dias festivos, dias de descanso. O termo vacances - em espanhol vacaciones - tem a sua origem no verbo latino vacare: estar em descanso, ter tempo e vagar para - o substantivo vacatio tem o significado de isenção, graça e dispensa de serviço. Os ingleses em férias estão on holidays, portanto, em dias santos. Urlaub tem na sua raiz erlauben e Erlaubnis, com o significado primeiro de permissão de sair, dada pelo senhor ou pela dama ao cavaleiro; actualmente, quer dizer dias livres, sem serviço e sem trabalho, para o descanso. (...)"
Mais AQUI.

Até que enfim... Libertas quae sera tamen! Bendito seja o cara que inventou as férias. Tentei descobrir quem foi, mas não consegui. Até achei um texto, mas não dei muito crédito.

Pasárgada que me aguarde! Quase um ano acumulado de "encheção" de saco, brigas, problemas e toda a desagrabilidade do trabalho me deixou um cara por demais cansado e abatido. Agora, nada como passar um tempo na minha bucólica cidade para repor as energias, refletir acerca do futuro, planos, botar em ordem algumas coisas, sem me preocupar em madrugar pra ir pro trampo... Ah... que bacana... estou até mais leve.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Ah, que bom seria...


A capa de Veja dos sonhos dos brasileiros inteligentes:




Retirado do Rodrigo Afonso.

Da série Grandes Diálogos do Cinema - Parte IV






Do filme Reservoir Dogs (Cães de Aluguel, no Brasil), de Quentin Tarantino, um fimaço que recentemente completou 15 anos.


MR. BLONDE (OS)

Now where were we?

COP

I told you I don't know anything about any fucking set up. I've only been on the force eight months, nobody tells me anything!
I don't know anything! You can torture me if you want--

MR. BLONDE (OS)

--Thanks, don't mind if I do.

COP

Your boss even said there wasn't a set up.

MR. BLONDE (OS)

First off, I don't have a boss. Are you clear about that?

He SLAPS the cop's face.

MR. BLONDE (OS)

I asked you a question. Are you clear about that?

COP

Yes.

MR. BLONDE (OS)

Now I'm not gonna bullshit you. I don't really care about what you know or don't know. I'm gonna torture you for awhile regardless. Not to get information, but because torturing a cop amuses me. There's nothing you can say, there's nothing you can do. Except pray for death.

He puts a piece of tape over the cop's mouth.

COP'S POV

Mr. Blonde walks away from the cop.

MR. BLONDE

Let's see what's on K-BILLY'S "super sounds of the seventies" weekend.

He turns on the radio.

Stealer's Wheel's hit "Stuck in the Middle with You" PLAYS over the speaker.

O roteiro, como sempre, no IMSDB. Para ir direto, clique AQUI.

Da série Grandes Diálogos do Cinema - Parte III






Esse é um dos muitos diálogos de The Lion King que eu decorei. Acho que foi o filme que mais assisti.

PUMBAA
(woundrous)

Timon?

TIMON

Yeah?

PUMBAA

Ever wonder what those sparkly dots up there are?

TIMON

Pumbaa, I don`t wonder. I know.

PUMBAA

Oh. What are they?

TIMON

They`re fireflies. Fireflies that got stuck up on that big bluish black thing.

PUMBAA

Oh, gee - I always thought they were balls of gas, burning billions of miles away.

TIMON

Pumbaa, with you everything`s gas.


Link para o script, em PDF direto do IMSDB, AQUI.

Dieta da Cerveja





Estou aderindo à dieta da cerveja, que li na Revista Galileu. Motivo: quero reduzir a barriguinha de CHOPP.

Desafio Pense Como um Hacker






Muito interessante. No endereço www.quizes.com.br há um desafio que é uma tradução original FreeStuffHotDeals.com Hacker Puzzle! Para vencer este desafio, você deverá "pensar como um hacker" para poder ir avançando nas 23 páginas que compõem o teste. Bem divertido. Mais ainda se você não "colar". Eu consegui. Boa sorte!

Em tempo: enquanto não tiver textos próprios novos vou continuar linkando o que julgar conveniente.

Drummond - Poema de Sete Faces






Alguns poemas não podem deixar de constar aqui. E esse é um deles.


Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


De Alguma poesia (1930)

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, setembro 27, 2006

E ainda tem quem fale mal...






Não sou um eleitor tão desiludido assim. Afinal, vejo um lado bom no período das eleições: pelo menos os caras fazem alguma coisa. Indo pra Autazes já há uma diferença e tanto: a estrada está toda asfaltada e sinalizada! Eu quase choro. Outra novidade: havia uma balsa gratuita (sic) fazendo a travessia para a cidade! Caraca!!! E, para completar, lá chegando, a cidade estava asfaltada! Havia em certos trechos até asfalto quente.

Tudo bem que há um escândalo relacionado à estrada, que a balsa é "presente" do Governo do Estado e que o asfalto da cidade também vem de verbas estaduais e que estamos a menos de uma semana das eleições para Governador, mas nada disso tem uma coisa a ver com a outra. Só nos olhos dos mais maldosos e mal-agradecidos, como eu.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Vou-me embora para Pasárgada




Nesse fim de semana irei para Autazes, minha terra querida.
Pena que estou sem minha máquina digital, mas quem quiser conhecer um pouco, visitem o Fotolog de Autazes ou assistam ao AmazonSat.

Fiquem com dois belos poemas:

Vou-me Embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei



Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive



E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada



Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar



E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90


O Rio da Minha Aldeia

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

Então, até mais.

Da série Grandes Diálogos do Cinema - Parte II

Agora um trecho de Melhor é Impossível (As Good as it Gets), com Jack Nicholson e Helen Hunt. E pensar que esse filme perdeu o Oscar pra Titanic... Pelo menos os dois citados venceram melhor atriz e ator.




MELVIN

Don't be pessimistic. It's not your style. Okay... Here I goes... Clearly a mistake. (this is hell for him)
I have this -- what? Ailment...And my doctor -- a shrink... who I used to see all the time... he says 50 or 60 percent of the time a pill can really help. I hate pills. Very dangerous things, pills. "Hate," I am using the word "hate" about pills. My compliment is that when you came to my house that time and told me how you'd never -- well, you were there, you know... The next morning I started taking these pills.

CAROL
(a little confused)

I don't quite get how that's a compliment for me.

Amazing that something in Melvin rises to the occasion -- so that he uncharacteristically looks at her directly --

then:

MELVIN

You make me want to be a better man.


Filmaço mesmo. O roteiro completo tem no IMSDb - The Internet Movie Script Database. Para ir direto, use esse link AQUI.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Da série Grandes Diálogos do Cinema - Parte I



Uma vez mais, ouvimos a voz aguda e ameaçadora:

ZÉ PEQUENO (OFF)

Quem foi que falou que essa boca é tua?

NEGUINHO

Qualé, Dadinho? Tu...

Finalmente revelamos o dono da voz: Dadinho -- agora com 18 anos e com o nome de Zé Pequeno. Atrás dele estão BENÉ -- mesma faixa etária -- e TUBA -- um pouco mais jovem e com jeito de bobo.

ZÉ PEQUENO

Dadinho o caralho! Meu nome agora é Zé
Pequeno, tá entendendo?


Para baixar o roteiro de Cidade de Deus em PDF, disponibilizado no Roteiro de Cinema, clique AQUI.

terça-feira, setembro 19, 2006

O que lhe motiva?




Motivação é o tema da moda. Administradores adoram essa palavra. Livros de auto-ajuda abundam nas prateleiras e nas listas de mais vendidos (vide Quem Mexeu no Meu Queijo e O que Podemos Aprender com os Gansos, etc, etc). Mas, no meio de tantas receitas prontas para motivar as pessoas, qual delas realmente funciona?
Eu, particularmente, detesto livros de auto-ajuda. Max Gehringer certa vez escreveu que só existe UM desses livros, o Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie. e que todos os outros são meras cópias deste. Bem, eu tenho (pois é) e já li (pois é também) este livro e, ou li errado, ou sou muito incompetente ou não sou convencido facilmente, porque para mim não valeu de muita coisa a leitura.

Mas hoje descobri o que realmente me motiva: Tabacarias!

Sério! Sou fissurado em artigos de tabacarias. Charutos, cachimbos, cachaças, tabuleiros de xadrez, fichas de pôquer, bengalas, jogos para sinuca, cortadores de charutos, isqueiros, espadas chinesas e todo o resto, com exceção dos cigarros.
Mas há um porém: são caríssimos. Um mero cortador de charutos de plástico não sai por menos de R$ 25,00. Um absurdo! Eu até posso comprar a maior parte do que me é oferecido, mas surge a questão da maximização da utilidade.

1. Os recursos são escassos e as necessidade limitadas;
2. Eu sou um consumidor racional;
3. Bens de tabacaria são extremamente supérfluos;
4. Minha renda não é alta.




Diante disso, pesando bem as coisas, percebe-se que eu estaria cometendo um enorme desatino gastando toda minha renda em, por exemplo, um tabuleiro de xadrez de mármore e uma maleta de fichas de pôquer. E mesmo se usasse só parte do meu parco dinheiro para comprar a maleta (R$ 600,00), essa grana faria bastante falta na hora de fazer o rancho ou comprar a roupa de Natal. Além do que, minha mulher passaria dias reclamando no meu pé de ouvido.

Nesse ponto, volto à teoria microeconômica: para meu nível de renda, artigos de tabacaria são bens superiores, totalmente prescindíveis.

"O que isso tem a ver com motivação?", você talvez me pergunte. Simples: sempre que entre numa tabacaria, sinto que as atendentes só falam comigo para que eu "me toque" e perceba que "não é para meu bico" tudo aquilo ali. Acho que nem é isso, mas na hora é o que me vem à cabeça. Resmungo uma desculpa ("só tô consultando a variedade"), dou mais uma olhadinha e vou embora, triste e enfurecido porque não posso me dar àqueles luxos. Mas também saio motivado a fazer algo para mudar essa condição e poder entrar lá, escolher um monte de coisas bacanas e quase-inúteis, mandar embrulhar e pagar no ato, sem me preocupar com o preço (afinal, esses trocados não me farão falta alguma). Talvez até deixasse o troco para a balconista. Ah... que sonho!

É... eu só aprendo mesmo pela dor... Mamãe não devia ter me batido tanto...

Mas isso é que me motiva. E não aquele papo de águia quebrando o bico em rocha. Argh!

Ele voltou... O Boêmio voltou novamente....



Oi,

Para alegria de poucos e tristeza de.... poucos também. Estou de volta! E ninguém visita esta droga!

sexta-feira, setembro 15, 2006

Temporariamente Indisponível




Para meu desespero quando fui ligar o PC ontem este não deu o menor sinal de vida. Não sei o que houve, se queimou a fonte ou se é problema na placa-mãe. De qualquer forma, tive que dar um tempo no blog. Mas ainda hoje espero resolver isto e voltar à ativa. Aliás, estou postando do trabalho, em um raro momento de folga.

Até lá, procurem algo no Sedentário & Hiperativo, ou no Omedi para passar o tempo. São muito bons esses blogs. E já que tô linkando aproveito para indicar também o Jacaré Banguela e o Tarja Preta. Divirtam-se. Mas voltem aqui de vez em quando... hehehe

quarta-feira, setembro 13, 2006

Por falar em arte... Bouguereau!




Estava pesquisando por William Bouguereau e me deparei com o site ARC (Art Renewal Center) onde além de mais de 200 de suas pinturas em alta resolução, ainda temos outras centenas de artistas, como outro de cujas obras sou fã: Gustave Doré. Vale muito a pena a visita.

Baudelaire - Toda Inteira

Enfim encontrei o poema que havia prometido dia desses. Estranho é que não é dos mais famosos do Baudelaire, como A Alma do Vinho e Spleen (ambos do Flores do Mal), mas é um de meus favoritos.



TODA INTEIRA( Charles Baudelaire)

O DIABO, em meu quarto um dia,
Apareceu para me ver,
Pensando que me confundia,
Disse-me: "Eu só queria saber,

De todas as coisas formosas
De que é feito o seu encanto,
De todas as partes negras e rosas
Que de seu corpo o charme é tanto,

Qual é a mais doce?"– Ó minha alma!
Respondeste ao Maldito:
"Pois que ela é um bálsamo de calma,
Nada ela tem de preferido.

E meu ser sempre ao vê-la ignora
Em que encantos dos seus se acoite.
Ela fascina como a aurora,
Ela consola como a noite.

Mas esta harmonia é tão precisa
Que o seu belo corpo governa.
Nossa visão que analisa
Não vê sua beleza eterna.

Ó metamorfose tão mística
Que os meus sentidos já resume!
O seu hálito faz a música
Como sua voz faz o perfume!"


A imagem é de Milo Manara, o mestre italiano dos quadrinhos .

Em tempo: encontrei o poema em http://anakills.blig.ig.com.br/ . Lá tem outras belezuras do primeiro dos poetas malditos.

Vocês lembram do Shiriu?




A geração que acompanhou Cavaleiros do Zodíaco, na extinta e saudosa Manchete, deve se lembrar de que Shiriu certa vez cegou a si mesmo. Mas, vá lá que ele tinha um bom motivo...

Hoje o que vemos na política é muitos fazerem o mesmo, só que desprovidos dessas boas razões, ou pelo menos de razões tão nobres quanto à do Cavaleiro em questão.

Os petistas, por exemplo... Olha o Lula subindo!

Isso me lembra uma das minhas frases favoritas (atribuída a Bastiat): "O interesse próprio é a mola mestra das ações humanas".

Reflitam acerca disso.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Arthur Neto: Amazonino só quer saber de Dominó



Hahaha.

No YouTube, nesse link tá o Arthur comentando um dos vícios do Amazonino... Vale a pena!

Se parasse por aí...

domingo, setembro 10, 2006

Baudelaire - A Uma Passante

Tenho tentado encontrar o poema "Toda inteira" para postar aqui, mas só consegui em francês e italiano. Então, segue esse outro belíssimo poema de Baudelaire, do livro Flores do Mal.



A Uma Passante

tradução Guilherme de Almeida

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho... e a noite depois! - Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daquí! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!

sábado, setembro 09, 2006

Razão de Ser, Missão, Visão...

Oi!

Como está na moda no mundo corporativo, a razão de ser, a visão e a missão têm que ser bem explicitadas. Inclusive isso é cobrado pela Bovespa e até pela Lei Sarbanes-Oxley. Lá vai:

Nossa razão de ser: Divulgar ao mundo os textos que deveriam ficar para sempre ocultos se seu autor tivesse um pouco de vergonha na cara. Manter o cérebro quase inerte do autor um pouco funcionante. Divulgar links para os navegantes perdidos que por acaso aqui chegaram. Difundir a poesia pelos quatro cantos. Discutir livros. Pertubar um pouco também.

Nossa Visão: Nos comprometemos a sempre defender os pontos de vista que levem a uma melhor "qualidá qualidade de vi de vida da população anção", como ensinou a Ruth Lemos. Mesmo que nossos argumentos não sejam os melhores. Procuramos ser uma voz a mais que se levanta contra o pérfido status quo da política brasileira, buscando ajudar o Brasil na resolução de seus problemas, com um pouco de humor, sempre que possível.

Nossa missão: Erradicar a corrupção. Acho que é demais... Deixa ver... Minimizar a corrupção. Melhorar o mundo.


Não sei até que ponto as coisas estão bem enquadradas acima, mas dá mais ou menos uma idéia do porquê do blog.

Na verdade, escrevi o texto abaixo e me motivei a continuar escrevendo mais no tema. Por isso aquele veio antes dessa apresentação.

Tenho outros blogs (quase inativos) mas esse é uma experiência diferente dos anteriores e espero que vingue.

Não é ilegal, mas é imoral!



Ernest Hemingway em seu livro “Morte à tarde” disse que “moral é o que te faz sentir bem depois de tê-lo feito, e imoral o que te faz sentir mal”. Essa afirmação pressupõe uma ética individual tal que esteja em um nível de probidade que não se permita o auto-convecimento com tamanha facilidade que acomete àqueles a quem determinadas práticas beneficiam. Explico: suponha que você esteja recebendo dinheiro para trabalhar em uma campanha eleitoral e este dinheiro em vez de ser proveniente dos cofres do partidos, saem do Estado, controlado pelo candidato para o qual você trabalha. Uso da máquina, de forma nojenta e, infelizmente, comum no Brasil. O esquema é simples: você é contratado para fazer campanha, porém sem vínculo empregatício com o Estado (você é terceirizado) e existe um falso pano de fundo no qual você supostamente executa funções legais. Logo, você está legalmente amparado. Porém, moralmente nu. Aí entra a questão da ética pessoal: você tem de escolher se aceita a situação e procura se convencer de que por não haver ilegalidade aparente você não está lesando a pátria, tirando dinheiro da boca de crianças e por aí vai, ou então pôr à frente de seus interesses a verdade explícita, de que isso é um ato ímprobo mascarado de correto.

Nessas horas, pesa bastante a cultura nacional. Em um país na qual a deputada Ellen Ruth (RO) defende propinas dizendo que “Você não vai mudar o mundo, nós não vamos mudar o mundo”, o que esperar da grande massa? Revolta? Sim, é claro. Esperaríamos se não houvesse a impunidade que há. Mas em terras tupiniquins, o que ocorre é uma desesperança tão grande que isso soma-se ao nosso “jeitinho brasileiro” e passa a fazer parte do imaginário popular, que acha que fazer política é a arte da sem-vergonhice e desfaçatez.

Então, nas esferas mais baixas do partidarismo, na gênese do Partido, que é a sua juventude, essa nova safra de “companheiros” já “aprende” (entre aspas, sim senhor!) que não se pode fazer política sem sujar as mãos e que qualquer poder conquistado já lhe dá ao direito de só ter direitos, e não mais os deveres civis. É como um passe livre para agir à revelia das leis, pois você não se enquadra mais na classe dos sujeitos à Lei...

Aí temos exemplos que surgem desde o gabinete do Presidente, até o gabinete da Prefeitura, onde o maquiavelismo na sua interpretação suja se faz. Qual o fim? Eleger o filho do prefeito. Então vamos nos valer de todos os meios à disposição. Afinal, sempre foi assim... Montesquieu já avisava que “é uma experiência eterna de que todos os homens com poder são tentados a abusar”

E nesse meio a juventude de um partido, que deveria estar sendo instruída na arte da política de forma a melhorar o triste quadro, é ensinada de que o “jogo é assim e vai continuar sendo” e que o melhor é embarcar nessa. “Vamos, sua alma não vale tanto assim”. E mais um politiquinho surge... Começa assim, ganhando um salário pra fazer campanha e depois está recebendo mensalão pra vender seu voto.

Mas, agora é a vez de Bertolt Brecht (in “A Ópera dos Três Vinténs”): “Primeiro vem o estômago, depois a moral”