Só Pega no Tranco

Meu cérebro é meio assim: Só pega no tranco! Se eu passar muito tempo sem usá-lo ele oxida totalmente. Para evitar isso, vou procurar dar algum trabalho ao coitado. Não esperem muito.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

O (des)prazer de ouvir




Há um sem-número de pessoas em minha vida que gostam de mim por um simples motivo: eu as escuto.

O ser humano adora exercitar a fala, quase sempre aloprando na quantidade e pecando na qualidade. E quando esses faladores compulsivos encontram pessoas como eu, têm um prazer quase orgástico. Deleitam-se, lambuzam-se, rolam-se e enrolam-se nos seus circunlóquios, ascendem ao nirvana nos seus monólogos e gozam com seus papos unilaterais.

Nestes casos, eu nem tento interrompê-los, e me limito a minha participação no “papo”: as interjeições. Todo tagarela é fascinado por interjeições. Então eu lasco meu repertório, cheio de “é mesmo?!!”, “Sério!?!”, “Jura?!!”, “Não me diga...!!!”, “Que coisa!” e outros do tipo, cheias de exclamações, é claro.

Caridoso, eu? Não... Paciente? Às vezes sim.

A verdade é que não tenho o menor interesse na conversa que o dito-cujo teve com o vizinho do melhor amigo de sua prima, mas também tenho uma enorme preguiça de falar. Pra eu falar, tenho que ter um receptor que valha a pena meu esforço. Tem que haver interatividade, permuta de idéias, valores agregados a ambos. É isso. O meu desprazer em ouvir é compensado pela economia que faço ao não jogar pérolas aos porcos.

“Ah, tá... você é o bonzão. Então, por que tem um blog?” Ora essa! Porque aqui, só lê quem quer.

E deixo um aviso aos porcos: Caiam fora! E deixem minhas pérolas em paz. Cush!!!



“Quanto menos os homens pensam, mais eles falam" Baron de Montesquieu



“Há quem prefira falar mal de si mesmo a não falar” François La Rochefoucauld


“Nada lisonjeia mais as pessoas do que o interesse que se presta ou se parece prestar àquilo que dizem” André Gide