Só Pega no Tranco

Meu cérebro é meio assim: Só pega no tranco! Se eu passar muito tempo sem usá-lo ele oxida totalmente. Para evitar isso, vou procurar dar algum trabalho ao coitado. Não esperem muito.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Síndrome de Jefferson Péres*







Quando iniciei este blog estava politicamente motivado, com um ímpeto até juvenil de revolta, indignação e vontade de mudança. Algo que acomete a muitos na adolescência. Apesar de ainda ser jovem não sou mais adolescente já há algum tempo, mas estes arroubos são tão benéficos que ainda me dou ao luxo de tê-los. Porém o sentimento que experimento agora é o da desesperança.



Todos comentam sobre a juventude como o futuro do país e, quando o dizem, falam de uma forma positiva, como se esta constituisse a gênese da terra prometida. Os jovens cara-pálidas que foram às ruas contra os desmandos do Collor são uma dessas figuras alegóricas. Mas, no fim das contas, já faz séculos que os jovens são o futuro de suas terras. O jovem Zé Dirceu mesmo seria o futuro do Brasil. E foi, como hoje vemos.



É neste sentido que surge minha desesperança. Sou sabedor de todos meus princípios, meu código de ética, meus valores, minha índole, alma, espírito, etc., etc., mas estou longe de conhecer os incentivos dos outros. Tão longe quanto qualquer um de vocês de conhecer os meus.



Em Economia aprendemos sobre o "interesse próprio" e sobre como este é uma das maiores forças do mundo. Só que incentivos são de uma subjetividade tão extrema que para conhecermos teríamos que ler as nebulosas consciências, ganâncias e fraquezas do ser humano.



Eu conheço pessoas com alto grau de inteligência, com eloqüência invejável, mestres na arte da Neurolingüística (e toda a bajulação pertinente) que são jovens e, lamentavelmente, são o futuro do nosso país. São o futuro porque são estas pessoas que embrenham-se na política e "criam-se" neste meio, ampliam o "networking" da "elite" (haja aspas, mermão!) política e criam a base para suas inserções nas Casas Legislativas ou Executivas. Lamentavelmente, porque é notório o incentivo dessas pessoas. O mesmo incentivo que vemos em quase toda a classe política da atualidade...



Se formos (e não vamos) fazer uma análise do real comprometimento, por exemplo, dos líderes de grêmios estudantis, centros acadêmicos, diretórios centrais de estudantes, membros de partidos, teríamos uma imagem desamparadora do que vem por aí. Serial interessante se tivéssemos como fazer um scan, um pente fino, filtrando por "grau de idoneidade" ou "taxa de comprometimento social", coisa assim, teriam que se unir todos que sobrassem pra conseguir quórum para ao menos um partido. huahauhahahua. É rir pra não chorar.



E, sim, podem me criticar, xingar, perguntar quem sou eu para apontar o dedo na cara de alguém. Nem que eu diga, de nada adiantaria. Como eu falei, é muito subjetivo. Eu não tenho como provar nada. Mas ainda posso me indignar e lamentar a merda que todo dia vejo e cujo cheiro tenho que suportar.





*refiro-me à sensação que também acometeu nosso caro Senador, que, enojado, cansado e desiludido com a política, devidiu afastar-se desta.







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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Carnaval, Carnaval





Já estamos em 12 de fevereiro e não consigo deixar de pensar no Carnaval. Há quem diga que o ano só comece depois dele. Estou de acordo. Depois do Reveillon tudo fica meio suspenso no ar, com as detestáveis árvores de natal ainda montados e os infames pisca-piscas ainda a piscar. Passa o dia 6 (Reis Magos), e como o tal do espírito natalino, com o perdão do termo, já foi pras picas, então todo mundo esquece de desmontar ou adia pra mais tarde, quando não suportando mais aquilo desfaz todo o trabalho reclamando da vida e esquecendo os sinceros votos de feliz natal e próspero ano novo.



No trabalho, depois das confraternizações (com seus rídiculos amigos secretos) tudo volta à rotina. Tudo. Os puxa-sacos continuam puxando, e os puxa-tapetes também. A guerra continua. A merda continua.



Mas eis que chega redentor o tão esperado Carnaval. Uma festa que parece um grito de "eu quero é ver o oco!", de extravasar, mandar tudo às favas e, para quem gosta, observar.



Enquanto no Natal, as musiquinhas melancólicas (e torturantes) levam as pessoas à estados de espíritos mais reflexivos, depressivos, cheios de culpa acumulada, no Carnaval as marchinhas lavam a alma do indivíduo de tudo que é problema. É como se as contas, os chefes, as brigas conjugais, as sogras e a programação de domingo da Globo não existissem. Todo mundo fica leve, etéreo, flutuando no salão ao som de "me dá um dinheiro aí". A hipocrisia permanece, mas desta vez como um indulto. Já que tudo vale, sejamos falsos pra não estragar essa tão bela festa.



E as águas rolam e as garrafas cheias não sobram. Alguns usam suas fantasias e outros despem-se das fantasias que usam o ano todo. É a "alegria fugaz", a "ofegante epidemia", de Chico Buarque, contagiando todos. A pátria mãe continua distraída, subtraída em tenebrosas transações, mas, quem liga? Se já não é dada a devida importância nas datas que sugerem maior reflexão, imaginem então no Carnaval...



Até que é dado o derradeiro grito, os bêbados levantam na manhã de Cinzas, alguns morgam em seus lares, cansados e em êxtase, outros lamentam suas perdas, seus vexames, outros relembram as doces e loucas aventuras, mas é inevitável que todos peguem suas cruzes e enfim, comecem o ano novo...





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