O que lhe motiva?
Motivação é o tema da moda. Administradores adoram essa palavra. Livros de auto-ajuda abundam nas prateleiras e nas listas de mais vendidos (vide Quem Mexeu no Meu Queijo e O que Podemos Aprender com os Gansos, etc, etc). Mas, no meio de tantas receitas prontas para motivar as pessoas, qual delas realmente funciona?
Eu, particularmente, detesto livros de auto-ajuda. Max Gehringer certa vez escreveu que só existe UM desses livros, o Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie. e que todos os outros são meras cópias deste. Bem, eu tenho (pois é) e já li (pois é também) este livro e, ou li errado, ou sou muito incompetente ou não sou convencido facilmente, porque para mim não valeu de muita coisa a leitura.
Mas hoje descobri o que realmente me motiva: Tabacarias!
Sério! Sou fissurado em artigos de tabacarias. Charutos, cachimbos, cachaças, tabuleiros de xadrez, fichas de pôquer, bengalas, jogos para sinuca, cortadores de charutos, isqueiros, espadas chinesas e todo o resto, com exceção dos cigarros.
Mas há um porém: são caríssimos. Um mero cortador de charutos de plástico não sai por menos de R$ 25,00. Um absurdo! Eu até posso comprar a maior parte do que me é oferecido, mas surge a questão da maximização da utilidade.
1. Os recursos são escassos e as necessidade limitadas;
2. Eu sou um consumidor racional;
3. Bens de tabacaria são extremamente supérfluos;
4. Minha renda não é alta.
Diante disso, pesando bem as coisas, percebe-se que eu estaria cometendo um enorme desatino gastando toda minha renda em, por exemplo, um tabuleiro de xadrez de mármore e uma maleta de fichas de pôquer. E mesmo se usasse só parte do meu parco dinheiro para comprar a maleta (R$ 600,00), essa grana faria bastante falta na hora de fazer o rancho ou comprar a roupa de Natal. Além do que, minha mulher passaria dias reclamando no meu pé de ouvido.
Nesse ponto, volto à teoria microeconômica: para meu nível de renda, artigos de tabacaria são bens superiores, totalmente prescindíveis.
"O que isso tem a ver com motivação?", você talvez me pergunte. Simples: sempre que entre numa tabacaria, sinto que as atendentes só falam comigo para que eu "me toque" e perceba que "não é para meu bico" tudo aquilo ali. Acho que nem é isso, mas na hora é o que me vem à cabeça. Resmungo uma desculpa ("só tô consultando a variedade"), dou mais uma olhadinha e vou embora, triste e enfurecido porque não posso me dar àqueles luxos. Mas também saio motivado a fazer algo para mudar essa condição e poder entrar lá, escolher um monte de coisas bacanas e quase-inúteis, mandar embrulhar e pagar no ato, sem me preocupar com o preço (afinal, esses trocados não me farão falta alguma). Talvez até deixasse o troco para a balconista. Ah... que sonho!
É... eu só aprendo mesmo pela dor... Mamãe não devia ter me batido tanto...
Mas isso é que me motiva. E não aquele papo de águia quebrando o bico em rocha. Argh!
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