Só Pega no Tranco

Meu cérebro é meio assim: Só pega no tranco! Se eu passar muito tempo sem usá-lo ele oxida totalmente. Para evitar isso, vou procurar dar algum trabalho ao coitado. Não esperem muito.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Carnaval, Carnaval





Já estamos em 12 de fevereiro e não consigo deixar de pensar no Carnaval. Há quem diga que o ano só comece depois dele. Estou de acordo. Depois do Reveillon tudo fica meio suspenso no ar, com as detestáveis árvores de natal ainda montados e os infames pisca-piscas ainda a piscar. Passa o dia 6 (Reis Magos), e como o tal do espírito natalino, com o perdão do termo, já foi pras picas, então todo mundo esquece de desmontar ou adia pra mais tarde, quando não suportando mais aquilo desfaz todo o trabalho reclamando da vida e esquecendo os sinceros votos de feliz natal e próspero ano novo.



No trabalho, depois das confraternizações (com seus rídiculos amigos secretos) tudo volta à rotina. Tudo. Os puxa-sacos continuam puxando, e os puxa-tapetes também. A guerra continua. A merda continua.



Mas eis que chega redentor o tão esperado Carnaval. Uma festa que parece um grito de "eu quero é ver o oco!", de extravasar, mandar tudo às favas e, para quem gosta, observar.



Enquanto no Natal, as musiquinhas melancólicas (e torturantes) levam as pessoas à estados de espíritos mais reflexivos, depressivos, cheios de culpa acumulada, no Carnaval as marchinhas lavam a alma do indivíduo de tudo que é problema. É como se as contas, os chefes, as brigas conjugais, as sogras e a programação de domingo da Globo não existissem. Todo mundo fica leve, etéreo, flutuando no salão ao som de "me dá um dinheiro aí". A hipocrisia permanece, mas desta vez como um indulto. Já que tudo vale, sejamos falsos pra não estragar essa tão bela festa.



E as águas rolam e as garrafas cheias não sobram. Alguns usam suas fantasias e outros despem-se das fantasias que usam o ano todo. É a "alegria fugaz", a "ofegante epidemia", de Chico Buarque, contagiando todos. A pátria mãe continua distraída, subtraída em tenebrosas transações, mas, quem liga? Se já não é dada a devida importância nas datas que sugerem maior reflexão, imaginem então no Carnaval...



Até que é dado o derradeiro grito, os bêbados levantam na manhã de Cinzas, alguns morgam em seus lares, cansados e em êxtase, outros lamentam suas perdas, seus vexames, outros relembram as doces e loucas aventuras, mas é inevitável que todos peguem suas cruzes e enfim, comecem o ano novo...





powered by performancing firefox